quarta-feira, 25 de agosto de 2010

minha vida

Histórinha,
Nasci no dia 21 de outubro de 1991... onde o mundo começou ao menos pra mim.
Filha de Simone e Jorge,irmã de Maquim.
Até onde eu soube fui desejada e muito amada.Tinha muitos paparicos,mais ainda pela parte do meu pai.Então,não obtenho muitas lembranças dessa época,mas ficou marcado em mim consequencias desse tempo.

Depois de muitas brigas,desentendimentos que até ai são explosões normais de um relacionamento,a agressão já não era aceitável na convivencia da minha mãe e do meu pai juntos.Um ato,onde tudo acabou ao ver dela.Onde o respeito não existia mais,onde de nada adiantava as conversas e discussões.Um dos motivos que meu irmão,que é só por parte de mãe resolveu ir embora.
Determinada ela resolveu ir embora,levando consigo sua filha,eu.

Lembro-me vagamente de uma tarde com meu pai no cassino,eu deveria ter 1 ano e pouco,onde estavamos muito felizes brincando nas dunas.
Até onde chega a lembrança de uma pessoa?a minha primeira lembrança foi exatamente essa,onde meu pai foi o responsável por muitos outros desses não se repetir.
Carrego na memória também, a imagem de nós duas indo embora,onde ele me entregava meus sonhos..meus brinquedos,meus ursinhos e me devolvia ainda mais profundo um simples simbolo do tchau com a mãozinha.

Por onde passamos eu não sei,onde fomos parar também não tenho exatidão.Mas sei que nós duas tivemos que nos agarrar-mos uma na outra para nos fortalecer.Pois eu era o motivo que ela tinha de seguir em frente e ela o meu para o crescimento.

Pelo o que me contam não foi nada fácil,e tenho certeza que não foi.Admiro a garra,a coragem e a total determinação que ela teve nas suas escolhas.
O tempo foi passando,eu crescendo e ela sempre ali do meu lado.Me ensinando o certo e o errado,me apresentando para o mundo lá fora com suas precauções.

Com 5 anos de idade minha mãe estava namorando,e no primeiro dia que ele foi ate a minha casa conhecer-me,recordo da cena.Ele sentado no sofá,minha mãe no banho e eu brincando de comidinha com as panelinhas que minha dinda arrecem tinha me dado.
Criança é muito pura,e eu num extremo que nem sabia o certo o que estava acontecendo,cheguei no banheiro e direcionei-a a palavra;Mãe,posso chama-lo de pai?
Ela me sorriu e disse: pergunte-o.
Então,o que um adulto envolvido e apaixonado iria responder para um ser indispensável na vida da enamorada? -Claro!
Desde esse inicio,era pai pra cá e pra lá.Mas lembrando que depois de alguns anos,meu pai verdadeiro sequer procurou-me.
Seguindo,nós três,'pai',mãe e eu.Admito que durante minhas fases,tinham coisas que eu não entendia,não aceitava.As pessoas tem fases,e uma criança se encontra em uma fase de aceitação,de descobertas,onde nem tudo passa,onde nem tudo é confortavelmente vivido.
Em uns momentos,de estados incontroláveis que ele se encontrava,faziam com que meus olhos de menina o detestavem.Me via numa situação que minha opinião não valia diante do momento em que o via enxendo a cara e a coragem de alcool.Essas cenas começaram se tornar muito repetitivas no meu dia-a-dia,causando rancor.
Juro que essa fase devia ter sido dificil pra minha mãe,pois é isso que pesa,tudo é fase,todos tinham e tem suas fases.E garanto que tanto da minha parte de exclusão e tanto na parte dele de descontração com si próprio ela teve que ser muito forte e encarar mais uma vez uma situação.
Recordo-me que antes desse meu instinto de birra,eu adorava quando ele ia me buscar na escolinha,adorava nossas viagens e todo nosso lazer.
Quando crescemos,por tão novinhos que continuamos ser..é um momento de adaptação com a própria personalidade que aos pouco vai aflorando.Até para nós próprios é dificil lidar com essa variação simultanea de cada dia.
Depois de idas e vindas desse romance,acabou.Foram 3 anos e pouco,nem lembro-me muito o que aconteceu apartir desse novo começo que era viver sem ele.
Mais uma vez me vi longe da esperança de ter um pai,meu pai.

Mas os dias foram passando,nós fomos mudando,e todo dia é um recomeço.
Eu mais crescidinha,acho que uns 10,11 anos..Mamãe começa a namorar novamente,com uma pessoa que já conhecia do seu tempo de adolescente.Tipo um reencontro.Instigante não?
Pois é,mesmo novinha eu senti isso também.
Via nele uma pessoa sensata,não tinha filhos como meu 'pai',mas fazia minha mãe feliz.
Tava sempre lá em casa,um bom cozinheiro,sempre fazendo alguma delicia pra nós.Ele sempre foi esforçado e gentil.
Eu e ela,estavamos vivendo bem,meu irmão morava conosco ela tinha sua vida amorosa e enfim.Tudo normal.
Com essa idade eu obtinha mimos como ainda dormir junto com ela,foi apartir dessas minhas vantagens que quando o seu namorado nos visitava me viravam desvantagens.
Como nunca me taparam os olhos e nem os ouvidos para acontecimentos da vida lá fora,eu sabia o que eles faziam diante daquelas 4 paredes,diante daquela cama de casal onde eu dormia.E isso se tornou frequente,e mais frequente dentro da minha cabeça um sentimento de posse da parte dele sobre as minhas coisas,sobre a minha mãe,sobre o meu quarto,minha cama e minha casa.Passavam angustias,e eu sempre fui de falar as coisas na presença da pessoa,mostrar o que eu não gosto,dividir meu anceios e irritabilidades.
Mantinha um pensamento pobre,sem buscas,só rodeava-me com o que eu não queria.
Uma época que meu irmão constatou o que eu não gostava até a minha mãe,então desentendimentos tornavam-se frequentes por minha culpa,e por culpa dele também que se meteu com algo que todo jovem passa por curiosidade.Um cobrou do outro certas coisas,e não foram compreendidos,e mais uma vez ele bateu à porta,indo embora novamente.
O namoro durou uns 2 anos,e eu nunca tinha visto minha mãe sofrer tanto por alguém.Partiu-me o coração ve-la naquele sofá em prantos por um amor que talvez não estava mais sendo correspondido.Onde mais doiam os planos em ter outros filhos,planos de um ligamento para a vida inteira.Onde ela relatou-me todo tiquinho de dúvidas,de tristeza..
Me vejo como se fosse hoje eu na volta,tentando acalma-la,entreguei-lhe um chá e pedi pra ela parar de chorar.Brava,muito brava que eu estava pela falta de sensibilidade da parte dele sem ao menos dar um bom motivo para o termino,tomei o telefone e o liguei.O que nunca me falta é determnação,nunca vou deixar ninguém machucar quem eu gosto,sempre tomo as dores.Ao ele atender-me nem lembro-me ao certo qual a bobagem que disse,mas sei que naquele estado eu pude mostra-lo que mesmo sem ele,ela me tinha,e que nada iria aflingi-la pois eu sim sou merecedora de toda alegria e dor que por ela podia ser sentida.
Desliguei na cara dele,e desde esse fim,novo inicio,sempre foi nós duas.Sempre estive do lado dela,na alegria...na tristeza,na saúde...na doença.
O tempo foi passando,a cada dia eu mais entendida das coisas,mais determinada e enfim.
Com 12 anos passei daquela fase de criança pra fase de mocinha,se é que entendas o que quero dizer.
13 anos,tive meu primeiro namorado,meu primeiro amor.Namoravamos na esquina da escola,depois passou para frente de casa e logo para sala.Com 14 minha primeira relação sexual.Onde ela sabia de todo passo que eu dava,onde ela me axuliava,onde ela me remediava,me cuidava.Daí,passou para a casa inteira,finais de semana dormindo comigo toda noite,onde todo sabado ele fazia um churrasco no almoço.

Nossa rotinha era a seguinte: na manhã antes de eu ir a escola passava na casa dele que era perto e ficava naquele quarto escuro com ele deitado na cama tomado pelo sono até escutar o primeiro sinal para entrar.Ia assistir as aulas,no fim buscava-me e levava-me até em casa,onde ele voltava para a sua almoçava e ia para a escola técnica,e eu almoçava e ficava a tarde inteira em casa.No fim da tarde ele voltava ate a minha casa e ficava ate uma meia noite e enfim,no outro dia era a mesma coisa.Nos finais de semana iamos até a praça onde eu o via andar de skate e só.Minha mãe o adorava,pois era um guri calmo,honesto,estudioso e sempre o agradáva.
Com 15 acabamos,a rotina predominante desgastou-nos.Eramos muito novinhos e tinhamos muito mais o que aprender,mas dessa vez um seguindo seu rumo.Ficamos amigos,e sempre conversávamos.Muito bom ter essa experiencia boa e um termino com uma relação confortável.
O melhor de tudo era saber a posição da minha mãe diante das minhas vontades,sempre fomos muito amigas,trocavamos sempre experiencias,temos um elo dificil de encontrar diante do nosso parentesco.
Fui curtir minha adolescencia,fiz novos amigos,comecei a passear com os antigos.
Me vi livre diante do verão,do calor,da praia,do vento que me invadia...Aproveite da maneira que eu podia e sempre segui feliz.
Passou o verão,depois o inverno e veio com o clima a estação primavera.
Com 15 ainda,diante das consequencia da globalização,em frente do computador conheci meu segundo namorado.Existia uma barreira diante nossas conversas,pelotas rio grande.

Foi quando,novamente com essa minha qualidade ou defeito de ser tão determinada a favor das coisas que almejo,tive a brilhante idéia de encontra-lo,passando assim um final de semana em pelotas,na casa dele.
Sabe quando tu quer dizer algo pra alguém mas não sabe como começar?é exatamente que eu me sentia quando via minha mãe passar,e ela sabia que eu queria direcionar alguma coisa,me perguntava mas não estava pronta para pedir.
Foi quando me encerrei no quarto,no escuro e chorei tanto.Em seguida ela entrando e dizendo que eu não precisava enconder nada dela,que eu podia contar com ela pra tudo,e que qualquer decisão sua é para o meu bem.
Contei-a minha angustia,e óbvio recebi um não! que mãe seria louca o bastante para deixar sua filha com 15 anos pegar um onibus para uma cidade que não sabe se situar nem ao menos conhece alguem e pior,passar o final de semana numa casa e com uma familia,com pessoas que nem passa pela cabeça quem são e o que fazem?
Continuei a chorar,e dei meu discurso; Dizendo-a que eu precisava daquilo,que eu me sentia firme o bastante para arriscar,para seguir com o sentimento que tentei e não depois com arrependimento.E que eu nunca pediria algo pra ela que eu sabia que não teria fundamento,porque no fundo eu tinha todas as apostas ganhas tinha mais fundamento do que minha própria imaginação.Parou e penso,e aceitou,deixou-me ir ao encontro daquele que eu queria mais que tudo.
E enfim como todos previam,cheguei lá fui muito bem recebida e passei um final de semana maavilhoso.Fui dia 19 de outubro e voltei no dia 21,sim no meu aniversário.Pedi esse encontro como um presente.
Aparti dai eu fui mais 3 vezes,e em época de vestibular ele passou dias aqui.Minha mãe o conheceu a fundo,foi tudo muito perfeito.

Verão chegando,férias cada vez mais próximas passei um mês lá com eles,ganhei um cachorro,meu filho,muito amado simbolo do nosso amor.
No outro mês passou aqui conosco e enfim.E a hora de ir embora?
Meu deus,parecia que nossos mundos estavam acabado diantes nossas cabeças.Quanto choro,cada um tinha sua rotina nas suas respectivas cidades.E nossos pais nesse momento?firmes,mas percebendo toda nossa tristeza.Foi o começo das idas minhas num final de semana e das vindas dele no outro.E assim ficamos durante uns 5 meses,até um dia ele chegar ate à mim com um par de alianças douradas me pedindo em casamento.Como assim,que loucura é essa?sim,dois jovenzinhos apaixonados e tomados pela saudade.Me mudei,deixe aqui lembraças,casa,mãe,amigos e tudo mais.Fui para o lado dele,ganhei outra cidade,outra familia,novos amigos,e um novo começo.

Tudo maravilhoso,pois o que nos importava-nos era a presença de dois seres enxergados como um só.
O tempo foi passando,a saudade das minhas coisas aumentando,do meu espaço,da minha vida,da minha cidade,dos meus amigos e da minha mãe.Quando agimos pelo coração deixamos de lado a razão,que aos poucos foi fazendo parte decorrente dos meus pensamentos.
Minha mãe em alguns kilometros mais longe,mesmo à vendo todo fnal de semana não era a mesma coisa,não fazia o mesmo sentido.Ela sozinha,sem mim,seus dias vagos,suas noites sem ninguém.Agora eu sei o que ela sentia,mas preferia não demonstrar pois o amava tanto quanto eu.E queria eu nós fossemos muito felizes juntos.Era o filho que ela não tinha por perto.Enfim,quanto mais passavam os dias,mais me sentia pressionada pela rotina que mais uma vez em minha porta bate.Com ele eu tinha tudo o que eu queria,era tudo muito fácil pra nós dois,tinhamos nossos planos,nossa casa em construção.
Um dia parei pra pensar em tudo o que me rodeava.Percebi que estavamos vivendo mais como amigos e companheiros,parceiros um do outro.A paixão foi embora diante desses fatos,foram sentimentos inevitáveis.Até um certo dia abrir o jogo e colocar pra fora tudo o que nos aflingia.Que estavamos sendo egoístas com nós mesmos,nos privando de tantas coisas,sendo que nossa vida conjugal não estava mais nos trazendo tantas alegrias.

Bom,nesse momento pedi colo da mamãe.Conversamos horas,e desabafei.Ela me dizia para não deixa-lo que isso era uma fase e que ia passar.Que ela não queria que eu ficasse com ela.Sim,ela abriu parte da sua prioridade de mãe para ver-me feliz ,construindo um futuro e uma familia com ele.
Mas conversa vai e vem,e pra mim de nada adiantava continuar numa situação onde não tinham grandes aventuras,onde segredos não existiam mais você entende?
Pois bem,mais um relacionamento acabou.Mas deixando uma felicidade imensa,um fortalecimento na vida do outro.Continuamos amigos.

O que eu mais gostei em mim, foi  ver-me diante de cada situação muito forte,firme do que eu quero e totalmente adulta entre as decisões.

Voltei a morar com ela,digo que no inicio foi dificil.Estava desacostumada com jeito de mãe protetora,mãe que impõem limites e tal.Mas me mostrei revoltada com isso,nunca deixei que esse nossos desentendimentos me fizessem deixar de lado o que eu tinha vontade de fazer a hora que eu bem entender.Fui rude eu sei,mas hoje esta tudo bem.Continuamos com aquele mesmo gênio,com a mesma briguinha boba.Mas muito mais aceitável,por sermos tão iguais,por pensarmos com tanta semelhança.É uma sintonia inigualável.É muita amizade,do que apenas o respeito materno.Hoje valorizo,pois muitos queriam ter o que eu tenho.

Enfim,voltando lá no inicio...descrevi tudo isso para dizer que meu pai de verdade nunca esteve presente em sequer um terço desses meus momentos.Não fez parte de nenhuma lembrança,de nenhuma autoridade.De nenhum afago, não pode ver de perto meu crescimento constante,meu amadurecimento e muito menos fez parte dos meu laços afetivos.Não esteve do meu lado ao menos para auxiliar minha mãe no que é certo no que é bom pra mim.
E sabe de uma coisa? eu não senti nenhuma falta dele,não em presença de pai,mas não me fez falta alguma na construção do meu ser,do meu carater,da minha personaldade.
Talvez se ele tivesse presente,eu não seria assim.Poderia ter tido menas oportunidades de arriscar na vida e aprender com as consequencia das minhas decisões tomadas.
Pra ele que ate hoje nunca se importou,nunca me procurou,deixo um sentimento de pena.Pois minha mãe tem orgulho de mim,do que eu fui me tornando e do que eu sou agora.Esta junto comigo em cada plano,em cada sonho.E ele,é vazio de amor.Pois o amor que eu sinto por ela é multiplicável,mas não divisivel caso ele resolva aparecer.É todo dela.
Essa mulher que dou a vida,que morro de admiração.
A melhor coisa da vida é alguém sentir isso por você, e ele não terá.
É triste,posso ser radical.Mas a vida é feita de escolhas e essa foi a dele,esper de coração que ele tenha feito a certa e que hoje ele não precise de mim por perto pra ser feliz,assim com ele me prova a cada ano que não o vejo.Não precisa de mim,mas sei bem que morre por mim.Essa sim é o bem mais valioso da terra.
Por todas essas coisas que passei desde pequena,sei que tive errada várias vezes.As que tudo passa e um dia sempre acaba.E nós somos uma mudança ambulante.
O que não muda é nossa essencia,cultive-a todo dia.
MÃE OBRIGADA POR TUDO!
(thy)

Um comentário:

  1. Nossa, que lindo Thy, me emocionei. muito lindo mesmo! e realmente a tia Simone é uma HEROINA!

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